segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Hi, stranger!

Tava fora do ar.
É, estive bem ocupada andando de montanha-russa por aí. Os loopings me dão frio na barriga, mas, muitas vezes me fazem enjoar.

Bem, bem, estou fora de forma, gentem, como vocês podem perceber.
Hoje assisti um filme que me tirou mais ainda do foco, se é que isso é possível.
Então só pra homegear Cartola e o romance, lá vai a música do dia [já escutei no mínimo quinze vezes hoje, ok?!]:

"Tive sim, outro grande amor antes do seu, tive sim.
O que ela sonhava era os meus sonhos e a assim.
Iamos vivendo em paz, nosso lar em nosso lar sempre houve alegria,
e eu vivia tão contente como contente ao teu lado agora estou.
Tive sim, mas comparar com seu amor, seria o fim,
Por isso eu vou calar, pois não pretendo amor te magoar."


Pronto, casei!

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Depois da avenca [provavelmente antes e certamente durante]

Só por ele, por esse que ainda não veio, te deixo essa grana agora, precisa troco não, pego a minha bolsa e dou a fora já. Está quase amanhecendo, boy. As damas da noite recolhem seu perfume com a luz do dia. Na sombra, sozinhas. Envenenam a si próprias com loucas fantasias. Divida essa sua juventude estúpida com a gatinha ali do lado, meu bem. Eu vou embora sozinha. Eu tenho um sonho, eu tenho um destino, e se bater o carro e arrebentar a cara toda saindo daqui, continua tudo certo. Fora da roda, montada na minha loucura. Parada pateta ridícula porra-louca solitária venenosa. Pós-tudo, sabe como? Darkérrima, modernésima, puro simulacro. Dá minha jaqueta, boy, que faz um puta frio lá fora e quando chega essa hora da noite eu me desencanto. Viro outra vez aquilo que sou todo dia, fechada sozinha perdida no meu quarto, longe da roda e de tudo: uma criança assustada.


C. F. Abreu

domingo, 28 de setembro de 2008

She's lost control

A grande novidade! Depois de prontos e acabados, ainda que não consumados, os planos têm mania de ganhar vida própria e brincar de montanha-russa na vida dos outros. Vão e voltam, mudam o caminho, fazem uns caminhos de rato. Meio subversisvos ficam aqueles planos mais certos, mas eles estão no controle agora. E de looping em looping a pessoa levanta os braços, grita e sente o cabelo levantar no vento. Eu sei, baby, provavelmente você vai dizer que minhas esquematizações foram todas para o bueiro, vai dizer aquele velho "I told ya". Mas... fazer o quê? O que seria de mim sem esses planos rebeldes?!

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Gelo

E pra que serve o gelo no copo a não ser para esperar a vodca da noite? O dedo roda o gelo, sente o gelado, enquanto a cabeça vai longe [ou a lugar nenhum]. O gelo espera no copo comprido pela vodca, que mais tarde vai descer em goles quentes provocando o primeiro passo do samba. Mas nem se engane, por que no fim da noite ele se derrete.

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

"Sou o que se chama de pessoa impulsiva. Como descrever? Acho que assim: vem-me uma idéia ou um sentimento e eu, em vez de refletir sobre o que me veio, ajo quase que imediatamente. O resultado tem sido meio a meio: às vezes acontece de agir sob uma intuição dessas que não falham, às vezes erro completamente, o que prova que não se tratava de intuição, mas de simples infantilidade.Trata-se de saber se devo prosseguir nos meus impulsos. E até que ponto posso controlá-los. Há um perigo: se reflito demais, deixo de agir. E muitas vezes prova-se depois que eu deveria ter agido.

Estou num impasse. Quero melhorar e não sei como. Sob o impacto de um impulso, já fiz bem a algumas pessoas. E, às vezes, ter sido impulsiva me machuca muito. E mais: nem sempre meus impulsos são de boa origem. Vêm, por exemplo, da cólera. Essa cólera às vezes deveria ser desprezada; outras, como me disse uma amiga a meu respeito, são cólera sagrada. Às vezes minha bondade é fraqueza, às vezes ela é benéfica a alguém ou a mim mesma. Às vezes restringir o impulso me anula e me deprime; às vezes restringi-lo dá-me uma sensação de força interna.

Que farei então? Deverei continuar a acertar e a errar, aceitando os resultados resignadamente? Ou devo lutar e tornar-me uma pessoa mais adulta? E também tenho medo de tornar-me adulta demais: eu perderia um dos prazeres do que é um jogo infantil, do que tantas vezes é uma alegria pura. Vou pensar no assunto. E certamente o resultado ainda virá sob a forma de um impulso. Não sou madura bastante ainda. Ou nunca serei."

Clarice Lispector- O Impulso

Cabô-se!

Até que enfim agosto acabou! Não que eu tenha essas supertições, mas dois anos de agostos desgostosos chama-se: ninguém quer. Além dos percalços que eu prefiro não comentar, ganhei do pessoal lá o apelido de intransigente (como assim?); tive uma briga de irmã com Quelzi; me despedi do meu menino do dedo verde que agora é italiano; parei de ver minhas gossip girls com a mesma freqüência; tive que me acostumar sem Lóu por aqui... é isso. Já no final do mês, as coisas foram melhorando, e eu percebi que essa história de altos e baixos não tinha tanto a ver com o 08, mesmo assim... que venha setembro!

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Conversinhas noturnas

L: E quer dizer que Nathalia tá assim agora é? Esquina paranóia delirante?
A: É, pô. Esquina paranóia delirante.
L: Pior do que eu?!
A: É... pior do que tu.
L: ...
A: Não, não! Pior do que tu não. Tá assim, mas não tá pior do que tu não.

o.O

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Butterflies

Nunca mais consegui dormir antes das 02h da manhã, mas não tô cansada por isso. Recomecei a emocionante vida de pegar ônibus pra ir pra faculdade, mas isso também não tem me cansado tanto. Como venho prometendo desde o começo do ano, voltei a malhar, e isso- apesar da minha questionável resistência física- também não é o motivo do meu cansaço.

Eu cansei foi de planejar. Ou melhor, de não ter o mínimo de controle sobre alguns dos meus ponto de chegada, de procurar feito uma doida falhas nesses planos que tomam meu pensamentos no ônibus, nos livros, anywhere. E eu sei que é inútil planejar assim, tão freneticamente. É energia jogada fora aquela que você desperdiça numa tentativa de prever seus passos a longo, médio e curto prazo. Whatever! Tem coisas que não cabem mais só no meu coração ou na minha cabeça ou nas minhas entranhas. Meu estômago não aguenta mais as borboletas que vez ou outra rodopiam por aqui, as mesmas borboletas que às vezes pousam no meu nariz e pronto; fico concetrada nelas, maquinando um jeito de segui-las até o fim.

Acontece que esse fim tem sido como a casa de Tripa, nunca chega. E, quando eu digo que é nunca, é nunca mesmo. Porque, quando eu penso no que eu quero estar fazendo daqui a um ano, por exemplo, o que e onde eu vou estar estudando, trabalhando ou sei lá o que, quando eu tento seguir essa borboleta, os dias demoram demais a passar. Pior! No meu relógio biológico, setembro, outubro, novembro estão a milhares de anos luz daqui. The same pra a casa de Tripa: quatro ou cinco avenidas conhecidas, praças, orla de Olinda... "Chegou?" Não, siga reto toda a vida e dobre ali no colégio num-sei-quezinho.

Eu não tenho medo de mudanças. Normalmente não me importo de mudar os planos quando o outro me parece ser mais óbvio ou mais produtivo ou confortável. O fato é que, quando se dedica muito tempo a um determinando pensamento em uma coisa, quando já se está perto do fim do caminho, quando você já chegou no fim da orla de Olinda, baby, virar as costas e sair andando pra casa alegre, feliz e com o vento batendo no rosto chama-se: ninguém quer. pr Normalmente, quando desperdiço tanta energia em uma coisa, eu não consigo give up e pronto.

Sei é que tô cansada, mas vou dormir e tentar recarregar as minhas pilhas infinitamente recarregáveis com um pensamento, sentimento, qualquer coisa anti-inércia. Eu não tenho certeza de nada nem muito menos paciência pra isso tudo. Talvez, na vida, a tendência natural de cada fração do todo seja acomodar-se em algum lugar. Tudo vai ficar bem, certo? É exatamente isso que venho planejando.

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Olha o que eu ganhei!

Eu sou o espaço

Para Laurinha, dona de alguns dos melhores diálogos noturnos e da curiosidade mais aguçada do planeta!

- Mãe, o que é tem depois do céu?
- O espaço.
- Mas espaço não é um lugarzinho que fica entre duas coisas?
- Não, filha, esse espaço de que eu tou falando é outro.
- E tem vários outros espaços é?
- Tem sim! Tem esse espaço de que você falou, tem o espaço sideral, tem o espaço físico, o amostral...
- E por que todos eles têm nome e sobrenome?
- Ah, Laurinha, porque são nomes compostos. O segundo nome vem pra definir de que espaço a gente tá falando, igualzinho ao sobrenome vem pra explicar melhor de quem a gente tá falando, entendeu?
- Então eu que tenho um, dois, três, quatro, cinco, seis nomes sou um espaço também?
- Você ocupa um espaço aqui dentro do coração de mamãe, tá certo?
- De que espaço você tá falando agora? Do espaço-eu? Eu sou o espaço?
- Ih, a senhora já tá espertinha demais e eu estou muito cansada, é melhor a gente ir dormir pra conseguir acordar na hora de ir pra escola amanhã. Venha, deite aqui junto de mim.
- E tem espaço aí na sua cama?
- Menina danada! Se eu não tivesse com tanto sono, ia acordar o teu pai só pra contar essa.
- Mas papai não tem que ter o espaço dele e poder dormir em paz?
- Tá bom, Laura. Você é um espaço.
- Pensei que eu era O espaço.
- ok, ok, você é O espaço.
- Mas de que espaço você tá falando?

Amanda Diniz

sábado, 19 de julho de 2008

Um saco

Nas últimas semanas eu tenho pensado sobre o incoveniente de morar em uma cidade que foi mal construída em cima de um mangue. Nesse inverno tem chovido todos os dias e, além do frio incomum quando se trata de Hellcife, os alagamentos estão isuportávei. E a rua da Consultexto de vez em quando vira rio da Consultexto. Mas a lama rende umas histotinha engraçadas.

Lá estava eu, enchendo meu copo d'água na cozinha da casa de Camila. Por lá tava tudo silencioso, o barulho todo tava na sala com as meninas e o quase-Playstation. Aí começou um barulhinho, um chiado de coisa se mexendo. Olhei pro lado e, na frente da geladeira, tinha um sacos de feira daqueles furadinhos amarrado e se mexendo. Susto! Identifiquei o animal, chamei Mila e começamos a rir, imaginando se eles fugissem e se espalhassem pela casa. A vó dela disse que o saco tinha sido deixado na área de serviço. Agora, vocês imaginem o quão agitados não estavam os pequenos animaizinhos pra irem bater no meio da cozinha. Ok. Trancafiamos eles de volta e voltamos ao sushi. Não voltei a saber do destino dos animais.

Uma semana depois, Renan acordou e foi no banheiro. Barulhinho de novo e, dentro do box, lá estava ele: um guaiamum, um projeto de Chico Science que fugiu do saco e tava batento as patinhas contra o vidro. No mínimo atípico.

domingo, 6 de julho de 2008

Da série: Fala, Leminsk

No fundo, no fundo,
bem lá no fundo,
a gente gostaria de ver
nossos problemas resolvidos por decreto.

A partir desta data,
aquela mágoa sem remédio
é considerada nula
e sobre ela — silêncio perpétuo.

Extinto por lei todo o remorso,
maldito seja que olhas pra trás,
lá pra trás não há nada,
e nada mais.

Mas problemas não se resolvem,
problemas têm família grande,
e aos domingos saem todos a passear
o problema, sua senhora
e outros pequenos probleminhas.

sexta-feira, 27 de junho de 2008

Cheers!

A vida de todo mundo anda meio agitada ultimamente pra muito bom ou pra ruim demais. Mas hoje fiquei especialmente feliz por perceber que tenho minha própria Samantha e Miranda e Charlotte. E pela primeira vez não me abusei em esperar; bebi tranqüila, paciente e quase saltitante meus goles da bebida rosa até que elas chegassem pra falar de tudo e de nada mais uma vez. Depois a vodca e depois as risadas e as pitangas. Enfim, elas tinham razão, quinta-feira é soooo much better. E se não fossem as fucking regras da ABNT, essa noite teria merecido tantas margueritas e alexanders que eu, certamente, não estaria nesse computador. Fazer o quê, há sempre mais.

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Formigando

Formigas cavam seus próprios buracos – ou bueiros - pra depois morrerem afogadas nele numa chuva de São João. Gostam de doce e carregam o peso de um mundo todo quando decidem levar aquelas malditas folhas que pesam mais do que elas mesmas. Podem desaparecer com um peteleco, mas não há meios eficientes que de exterminá-las definitivamente - e aquele prato com água que a gente usa pra afastá-las só adia o problema; ou você come o doce ou já era. E o pior: elas estão por toda parte. Só sentem medo mesmo é do frio. E eu, como sou fervorosamente adepta ao calor, estou com a cabeça formigando hoje. Formigando de pensar nas mesmas coisas durante horas, dias, etc. Os neurônios sentem aquelas cãibras de quem dormiu em cima do braço e não consegue se mexer por algum tempo – por quanto tempo mesmo? Tô com o corpo formigando de passar tantas horas lendo na mesma posição. Tô com a aorta formigando; bem...

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Papel Higiênico

Tem dias que você nem percebe o quanto precisa de uma declaração dessas, mas quando ela vem, você se sente tão bem quanto na época dos trabalhos de fotografia. O msn nos surpreende para o mal e para o bem, amigos. Pois é, nesse mesmo primeiro período, nessa mesma aula de espanhol ganhei uma minideclaração dessas em um papel higiênico e, como não posso colá-lo aqui, lá vai meu papel higiênico virtual:

"tu bem sabes que quando me permito e me sinto bem, gosto de fazer as longas viagens de ônibus até minha casa para pensar em coisas necessárias. Fiz isso hoje. E pensei em ti. Aliás, em mim e em você. E, especificamente, em uma aula de espanhol, quando a gente ainda era primeiro período. Uma aula que a gente conversou, conversou, conversou... trocando pedaços soltos de vida de cada uma. Permitindo-se conhecer uma semente de relação, que àquele momento, parecíamos querer semear. Se amizades tivessem um marco, eu diria que o nosso foi aquele momento. De fala baixa, como cochinho, prestando atenção nas palavras novas do outro que se espreme em uma construção de si, para posteriormente, contruir um nós. És assim, sou daquele jeito, silenciadas em nosso distinto afeto, distinto carinho, distinto amor, que por mais distintos que sejam, buscam a conciliação do gostar diferente. Entre dois seres, só assim é possível... entender o gostar de cada um deles para fazer um novo gostar nosso. Que vira amor."
Por Quel Lasalvia

Bora, mô véi!

Ou a cidade parava ou eu tinha um curto circuito.
A semana galerosa começou na quarta, com tudo aquilo pulando nos meus ventrículos: jogo, susto, formação econômica do Brasil, etc. Tinha estado tão nervosa dias antes, matando cachorro a grito, que, conversando com Amanda cheguei à conclusão que a gente sentia falta mesmo era de Gustavo, o nosso professor de Bodycombat.

Semana passada, contudo, o descarrego estava garantido. E peeeelo Sport nada... tudo! E pra quem assistiu pela Globo e acha que a gente não gritou: http://www.youtube.com/watch?v=1j9nWw5A_B4 . Nesse dia, cheguei em casa morta de cansada, acordei no sofá às três da manhã com meu companheiro de jogo dizendo que ia embora. Ok, deplorável. Às oito, o zumbi já revisava. Na quinta, a mesma amiga me cumprimenta com um “feliz dia dos namorados, amor!” e à noite Putz!, luz louca, cuba livre e absinto. Às quatro da manhã caí na cama, às oito trocava letrinhas na revisão.

Sexta eu não vou sair, tá?! Preciso dormir. Acha?! Depois da aula lá estávamos: bar, cerveja, batata, kitsch e Camila tirando onda do back de Seu Jorge: “eu te queria, eu te queria para mim, nhêga não vá!”. Existe algo mais galeroso do que isso? Nhêga! Nhêga?!
O fim de semana foi de cão. Sábado, depois de ter trabalhado o dia todo, ter rodado aquele shopping que não acabava mais e de ter assistido o incrível lá, reuni forças pra ir pro Antigo. “Nós não vamos pagar nada la la la la”. Domingo mais shopping. Sim, era uma overdose, maldita mesa do computador.

Então, já que eu me recusava a parar, na segunda a cidade parou. A água não deixava ninguém sair de casa. É, amigo, a Manguetown é isso. O estágio tava numa ilha. Parei, parei. Tive que parar.
Aí, hoje, mais quieta e aparentemente mais calma, meu bem-sucedido processo de auto-reconstrução interna simplesmente é arranhado por uma besteira, vinte minutos. Besteira daquelas que você sente suas bochechas ficando vermelhas de raiva, mastiga o chiclete com mais força, mas não pode fazer nada. Nem vão te ver mesmo, nem vão te ouvir. Raiva de pensar: eu sabia que isso ia acontecer. “Baby, baby, eu sei que é assim."

Well dears, sei que esse post está lamentável, confuso e infinatamente galeroso, mas é assim. Só queria registrar que parar não funciona pra mim. Desistir não faz parte do meu lado ariano. Moral da história:“booooora mô véi”.

* Homenagem à Mila Lima.

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Choveu, choveu e choveu

Há dias que não pára de chover. Muito, muito. Ontem nem saí de casa; cheguei a pensar que ela fosse me inundar. A diagramação me salvou! Hoje, continua chovendo, mas nada que atrapalhe nossas quintas sagradas, de bar e conversa. Ótimo como sempre; pra falar e pra ouvir. Coincidentemente, chove há três anos seguidos em Macondo e, enquanto não termino esse livro de cem mil dias, vou citando o que convém:

"Tinha-os visto ao passar, sentados nas salas com o olhar absorto e os braços cruzados, sentindo transcorrer um tempo inteiriço, um tempo sem desbravar, porque era inútil dividi-lo em meses e anos, e os dias em horas, já que não se podia fazer nada além de contemplar a chuva."
-Gabriel García Márquez

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Quereres

Diante da minha falta de habilidade com as palavras nos últimos dias, do meu estado de vegetal, de UTI acadêmica. Depois das discussões sobre as canalhices dos jornalistas e da filhadaputice dos advogados. Mas principalmente pela identificação com as coisas que essa mulher escreve, resolvi apelar para palavras outras. Taí:

Ando querendo mil coisas diferentes
Um arco de atirar flechas
E as flechas
Uma caneta de escrever letras
E as palavras
E as frases, os livros
As bibliotecas do mundo todo

Ando querendo estudar lógica
Culinária
Inglês, filosofia, história da magia
E um pouco de informática
Pra problemática do dia-a-dia
Onde tudo mais ou menos trava

Ando querendo meus amigos por perto
E uma viagem pelas serras
Pela Europa inteira
Pelas órbitas de qualquer lugar
Ou quaisquer olhos:
Ando querendo tanta coisa
Que a lista é grande e ainda cresce

Mas ando querendo mais
Além de
E através de
E enquanto tudo
Algo que me deixe o coração tranqüilo
Assim como uma mãe ninando um filho

(em: http://www.eunaoseitrigonometria.blogspot.com/)

quarta-feira, 28 de maio de 2008

Da série: Fala, Leminsk

podem ficar com a realidade
esse baixo astral
em que tudo entra pelo cano

eu quero viver de verdade
eu fico com o cinema americano

segunda-feira, 26 de maio de 2008

"Achei você no meu jardim"

Na quinta, achou que sabia separar - e muito bem - o joio do trigo.
Na sexta, o joio virou aquela flor que teve suas pétalas arrancadas uma a uma; a flor linda e cheia de espinhos. Aquela que todo mundo quer, mas não se sabe exatamente o porquê.
No sábado, o trigo, não mais que de repente, se transformou em girassóis. Radiantes, lindos, lindos e bem amarelos. Enfim, os sete (!) Girassóis de Van Gogh, pintados em série e em menos tempo do que as outras tantas e perfeitas telas.
Domingo, o jardineiro - que nem sempre é tão fiel assim - já não sabia o que fazer com tais distintas flores. Queria cheirar, tocar as pétalas de uma ou admirar as cores quentes e a incrível singularidade da outra? Queria uma realidade concretamente doída ou uma beleza dolorosamente emocionante?

No final das contas, não escolheu e mergulhou de volta no impressionismo - em seu sentido menos parisiense. You know, às vezes é complicado isso de achar coisas pelo jardim.

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Roubando

Nath vai me dar lincença, porque poucas coisas que eu li nos últimos tempos tiveram tano significado quanto estas palavrinhas.

"Eu vou ficar esperando você numa tarde cinzenta de inverno bem no meio duma praça, então os meus braços não vão ser suficientes para abraçar você e a minha voz vai querer dizer tanta coisa, mas tanta coisa que eu vou ficar calada um tempo enorme só olhando você, sem dizer nada, só olhando e pensando: ah meu deus, como você me dói vezemquando."
Caio Fernando Abreu - Harriet

domingo, 18 de maio de 2008

Para se recuperar de certas coisas você só precisa de algumas pessoas, algumas piadas, de um petit gateau de microondas. Você precisa se afogar em pãezinhos de queijo na primeira semana do seu regime, escutar e cantar bem alto Easy em pleno trânsito de fim de tarde e passar duas horas pra pintar sua unha de pink glamour. Para esquecer algumas coisas você precisa de um flashback no sábado, de Sex and the City no domingo e de uma viagem. Mas o importante mesmo é ter a certeza de que, no fim das contas, nada disso funciona por mais de algumas horas.

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Loucas, gordas e felizes

Nesses dias de constatações infâmes e ingratas, os olhos à minha frente ora lacrimejavam de tristeza e saudades antecipadas, ora de risos e alegrias espontâneas.

- Ei, senta aqui que eu tenho um problema sério pra te contar.
- O que é? Tu tais grávida?
- Não, pô. Danou-se, três meses pra descobrir é?
...
-Mas o pior é que acontece.
(Isso é tu!)

terça-feira, 22 de abril de 2008

Instituição Carro (Cada um no seu quadrado)

Ainda bem que conversar sobre bipolaridades; sobre horas, minutos, segundos e milhas não nos impediu de rir de Lóu imitando o vocalista de Angra. Nem a perseguição do Hyundai Tucson pela 17 de Agosto, tirou o gostinho do top Sundae. Por enquanto.

Depois de Vanessa...

Devagar... esquece o tempo lá de fora
Devagar... esqueça a rima que tocara.

Escute o que vou lhe dizer,
Um minuto de sua atenção:
Com minha dor não se brinca, já disse que não
Com minha dor não se brinca, já disse que não.

Devagar
Devagar com o andor
Teu santo é de barro
E a fonte secou.
Já não tens tantas verdades pra dizer
Nem tampouco mais maldades pra fazer
E se a dor é de saudade
E a saudade é de matar
Em meu peito a novidade
Vai enfim me libertar.
Devagar...

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Tagarelices (cyber)Caqueanas II

Scraps de uma tarde de bueiro profundo e pantufas quentinhas.

PARTE I
Laurinha:
que fazes aqui, honey?!
companhia de vagabundagem?
=*
Fellipe:
não, querida amiga.
estou na aulinha q vc faltou. rá!
tina ta mandando um cheiro pra vc.
bjaum

*Quem vê pensa que ele costuma ser assíduo. Hun!
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PARTE II
Amanda:
vai pra aula, amorzinho!
hahahahahaha
Laurinha:
só vou se tu for! (como em tantos outros momentos das nossas vidas)
a resposta tu já sabe, né?!
iiiih, friend! dá não!
=*

*O sal sempre vai para o fundo do copo!

Hein?

Qual é a diferença entre idealizar e realmente sentir alguma coisa? Digo qualquer coisa.
Como distinguir os sentimentos involuntários daqueles que você sente porque é obrigado a sentir? Sim, porque determinadas situações te obrigam a ter exato tipo postura diante delas, como se fosse lógico que, ao roubarem o pirulito de uma criança, ela chorasse imediata e desesperadamente.
Ah! E tem também o problema do costume. Quando descobrimos se já nos acostumamos ou não àquele sentimento?
Sem falar no desafio, que tanto encanta alguns. Como, respondam, como saber se a ânsia pelo desafio tomou conta do sentimento, engoliu o pobrezinho como se fosse um Tylenol?

Pois é... como?

sexta-feira, 4 de abril de 2008

Tagarelices Caqueanas

Parte I

- Tripo! Eu tenho que emagracer urgentemente, pô! Tá todo mundo dizendo que eu tô gordinha...
- E desde quando tu tá gorda?
- Desde que eu voltei de São Paulo. Por falar nisso, eu emagreci um quilo no mês que eu passei lá. Tu crê?! Um quilo em um mês, Tripa! Imagine se eu tivesse ficado lá dois meses...
- Aí tu ia ter emagrecido dois quilos!
- É... (com cara de quem pensava em benefícios além dos quilos perdidos.)
- Quer dizer...na verdade, não. Você podia não ter emagrecido em progressão aritmétrica, mas sim, geométrica. Seria uma P.G. e não uma P.A., hein, hein?

quinta-feira, 3 de abril de 2008

A menina que esquematizava...

Depois de descer na parada errada, de andar desperada pela praça escura e esperar por Camila (que tinha prometido chegar antes de mim), lá estava eu, morta, morta de fome, dividindo o noso primeiro milkshake e preparada para uma das nossas conversas cheias de vírgulas e conjunções adversativas. As duas, lisas, tinham pedido dinheiro a Breno e a Carol, mas, não satisfeitas com gastos universitários, esperavam sanduíches de peito de peru com tomate seco, ou salmão com pão austríaco (han?!).
- Peraê! O que a gente tem pra fazer mesmo?!
- Calma. Vou esquematizar.
Escrevi quatro ou cinco linhas sobre nossos planos e aí... Puft!

- Advinha com quem eu sonhei. Sou pouco doida, viu? E o pior é que no sonho eu tava chegada mesmo.
(...)
- Fiquei ruim, Mila... ruim mesmo. Chorei, chorei. Mas te vou contar uma coisa que só tu e Zé Bruno vão saber.
(...)
- Eu corro dele, Laurinha. E o pior é que todo mundo vê! Eu tenho certeza que ele sabe...
(...)
- Dá não, dá não... cansei da brincadeira!
(...)
- Laurinha, nossas conversas não têm um pingo de lineridade! Tô imaginando nossa geladeira cheia de post-it pra lembrar os assuntos que não terminamos.

É isso, exatamente isso. Nossas conversas não têm um pingo de linearidade, mas a gente sabe costurá-las.
E esse foi um dia feliz; finalmente consegui terminar a história sobre o domingo de cão que eu tinha passado. Esquematizei tudo: o crepe, a companhia, o "crime", a raiva, a mensagem, a raiva (isso, de novo, dessa vez elevada ao cubo), os dedinhos esmagados no vidro do carro, o choro, a carteira de motorista. Tudo! E o que ela fez?! Riu!
-Desculpa, flor! Eu sei que é trágico. Mas só tô rindo porque tu também tá. Que histórica tragicômica é essa, hein?! - dias depois ela, descaradamente, assume que achou o trágico tão cômico que teve que compartilhá-lo com terceiros!

(a luz do cinema apagou e cinco minutos depois a gente parou de rir para se concentrar na formação econômica do Brasil. Tsc! Prefiro a nossa falta de linearidade.)

sexta-feira, 28 de março de 2008

Brainstorm

Porque um texto corrido não se organiza na minha cabeça:

A instituição carro voltou bem ontem. Elas são ótimas para a minha necessidade de teorias sentimentais redondas, me ajudam na tentativa de racionalizar o irracionalizável.

“Meu coração eu pus no bolso, mas apareceu um moço...”

O mesmo banco de trás bagunçado, as mesmas gravatas. Medos bem diferentes e lágrimas também diferentes. Naquele dia eu tive medo de mim. “Três vidas e mais um passo pra trás”. Outras escolhas seriam mais fáceis, menos sofridas. Pisei fundo no acelerador querendo fugir de mim, ou de você que estava do meu lado como sempre (ou como nunca) esteve. As lágrimas tinham sido diferentes e talvez você nem tenha percebido, pois os sorrisos que se seguiram pareciam os mesmos. Acho que eu não consigo mais voltar, nem sei o caminho.

Não lhe afligiam as idéias tanto quanto as emoções.

Se a velhice pudesse, se a juventude soubesse.

Queria aquela porta de vidro agora. Queria ver que, mesmo sem estar falando comigo no msn, você tava lá e que mais tarde ia me chamar para comer lula ou simplesmente deitar no futon e sorrir. Queria muito.

Cinco incógnitas para essa equação. Demais! Não tente racionalizar as coisas. Ou tente.

Estranho o sentimento de implodir enquanto todo mundo explodia em aplausos e sorrisos. Aquilo tudo, aquelas frases, aquelas telas e aquele choro emocionado e escondido significaram muito para mim – a ponto de não ter, mais uma vez, motivos. O choro ficou preso.

“fazer o quê? tanto se comeu, tanto se brincou, tanto se dormiu, tanto se falou e se escreveu e eu pensei tanto em você em cada dia do mundo, em toda inteira ou meia lua, em tudo tanto, em todo inteiro, tanto tudo inteiro.” Definitivamente, eunãoseitrigonometria.

“só levo a saudade, morena, é tudo o que vale a pena...”

Frase do mês: eu mereço, viu!

sábado, 15 de março de 2008

Da série: Instituição Carro

P: Tira o pé da embreagem quando estiver em ponto morto, Carol!
L: Meu pai sempre diz isso.
A: O meu também..................... ele diz que é num sei quê lá do disco do "platô".
C: E quem vem a ser "platô"?
A: Não sei, vou perguntar a ele. Mas é um homem como todos os outros, não gosta de ser pressionado.



moral da história: o bueiro nunca é tão fundo quanto parece.

sexta-feira, 14 de março de 2008

nem uma gota de pensamento.
nem um clarão de entendimento.
estou num quarto sem portas e pra onde quer que eu me vire, dou com as venta' na parede.
franzino, pobre e agora burro!
o jeito que tem é me matar! (...)

***

incrivel como João Grilo aparece sempre nos momentos certos.
homenagem para a mais nova galega do blogspot.

quinta-feira, 13 de março de 2008

Caixinha

É hora da caixinha. Embora eu não acredite que exista uma hora certa para ela. Chegou a hora. É a ficha caindo... escuta o barulho. A ficha arranhou tudo lá dentro e te obrigou a fechar a caixinha. Uma das caixinhas mais lindas que você já abriu em sua vida. Pequena como você, colorida como você e leve... exatamente como você. E você não costuma fechar caixas, nem bolsas, nem malas, nem containers. Tudo sempre foi até o fim. Acontece que dessa vez não se pode perder as cores, nem a luz, nem o cheiro, nem os sons, nem nada. Nada. Não se pode achar que ela vai ficar sempre assim, fechada. Não se pode esperar que ela se abra. Mas, ela tem que ficar assim. Para se e quando resolverem abrir de novo, seja tudo igual. Seja tudo como teria que ser sempre.

Aperto. Falta de ar. Suspiro.
Um filme de frames escolhidos a dedo só pra te fazer chorar ou prender o choro. A seqüência te dá motivos pra guardar direitinho.

O medo ficou fora da caixinha.
O medo de se confundir, de se perder, de se ferir e de errar ficou fora dela.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

Idéia

Raramente me ocorrem, essas noites de insônia. Desliguei tudo, menos um botãozinho mágico no meu cérebro. E ficaram rodando melodias e um milhão de caracteres. Rodopiaram até que eu me rendesse e viesse procurar meu sono, perdido entre minhas quase-opiniões sobre as cores de um filminho qualquer. Ai! Noite de rendição. Rendi-me também à vontade de vir aqui e falar umas e outras palavras sobre nada, sobre coisa nenhuma. Nem sei se vocês vão me ouvir, não sei se quero que vocês me ouçam. Pronto! Espero poder dormir em paz agora e, se eu tiver sorte, lembrarei dos meus sonhos quando acordar.