sábado, 19 de julho de 2008

Um saco

Nas últimas semanas eu tenho pensado sobre o incoveniente de morar em uma cidade que foi mal construída em cima de um mangue. Nesse inverno tem chovido todos os dias e, além do frio incomum quando se trata de Hellcife, os alagamentos estão isuportávei. E a rua da Consultexto de vez em quando vira rio da Consultexto. Mas a lama rende umas histotinha engraçadas.

Lá estava eu, enchendo meu copo d'água na cozinha da casa de Camila. Por lá tava tudo silencioso, o barulho todo tava na sala com as meninas e o quase-Playstation. Aí começou um barulhinho, um chiado de coisa se mexendo. Olhei pro lado e, na frente da geladeira, tinha um sacos de feira daqueles furadinhos amarrado e se mexendo. Susto! Identifiquei o animal, chamei Mila e começamos a rir, imaginando se eles fugissem e se espalhassem pela casa. A vó dela disse que o saco tinha sido deixado na área de serviço. Agora, vocês imaginem o quão agitados não estavam os pequenos animaizinhos pra irem bater no meio da cozinha. Ok. Trancafiamos eles de volta e voltamos ao sushi. Não voltei a saber do destino dos animais.

Uma semana depois, Renan acordou e foi no banheiro. Barulhinho de novo e, dentro do box, lá estava ele: um guaiamum, um projeto de Chico Science que fugiu do saco e tava batento as patinhas contra o vidro. No mínimo atípico.

domingo, 6 de julho de 2008

Da série: Fala, Leminsk

No fundo, no fundo,
bem lá no fundo,
a gente gostaria de ver
nossos problemas resolvidos por decreto.

A partir desta data,
aquela mágoa sem remédio
é considerada nula
e sobre ela — silêncio perpétuo.

Extinto por lei todo o remorso,
maldito seja que olhas pra trás,
lá pra trás não há nada,
e nada mais.

Mas problemas não se resolvem,
problemas têm família grande,
e aos domingos saem todos a passear
o problema, sua senhora
e outros pequenos probleminhas.